sábado, 26 de dezembro de 2009

FALTA DE DISCIPLINA REDUZ PRODUTIVIDADE DAS AULAS

Falta de disciplina reduz produtividade das aulas (2009-06-17)Segundo os resultados de um estudo da OCDE, os professores portugueses são os segundos da Europa que mais tempo passam a impor disciplina na sala de aula.

O estudo "Criar Ambientes Eficazes de Ensino e Aprendizagem" realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no ano letivo de 2007/2008, em vinte e três países, concluiu que, em Portugal, os professores do 3.º Ciclo do Ensino Básico (alvo do estudo) consomem muito tempo de aula até obter um bom ambiente de aprendizagem.
O jornal Público informa que, segundo o estudo, três em cada cinco escolas inquiridas afirmaram que o mau comportamento dos alunos perturba o bom funcionamento da aula. Em Portugal, os professores revelaram que vinte e cinco por cento do tempo letivo é consumido a manter a disciplina ou em questões administrativas. Quatro em cada dez docentes admite que as interrupções dos alunos quebram o ritmo da aula.
Segundo o estudo e, mais concretamente, os duzentos conselhos executivos que responderam ao inquérito, os professores portugueses não chegam atrasados, faltam pouco e têm boa preparação pedagógica. O problema é o comportamento dos estudantes que, dizem os professores, prejudica a aprendizagem.Para cerca de sessenta e nove por cento dos professores o problema são os distúrbios na sala de aula (a média internacional é cerca de sessenta por cento); o absentismo e o chegar atrasado correspondem a cerca de cinqüenta e um por cento e a cerca de quarenta e um por cento das respostas. Os professores preocupam-se também com o fato de os alunos dizerem asneiras (cerca de quarenta e três por cento) ou intimidarem os colegas (cerca de vinte e oito por cento). Os roubos (cerca de vinte e três por cento), o vandalismo (cerca de vinte por cento) e as agressões (cerca de dezenove por cento) também fazem parte das preocupações dos docentes.
Em nível internacional, setenta e cinco por cento dos professores sentem que não têm incentivos suficientes para melhorarem a qualidade de seu ensino. Enquanto os professores portugueses admitem que não conseguem ser bem sucedidos com os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem ou pouco motivados, noventa por cento dos professores italianos, noruegueses ou eslovacos declaram que, com persistência, conseguem que os alunos tenham sucesso.Segundo Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, "o êxito das políticas de educação depende fortemente da existência de professores de elevada qualidade", pelo que o estudo recomenda que se aposte na formação contínua; o que vai de encontro à opinião dos inquiridos, que admitem que quanto mais formação tem, melhor sabem gerir os problemas na aula e na escola. A nível internacional, noventa por cento dos professores apostam na sua formação, nem que seja um dia, por ano letivo. Contudo, a grande maioria, professores portugueses incluídos, não se sente reconhecido.
A OCDE defende que "a principal lição política" a retirar deste estudo é que os ministérios que tutelam a Educação deverão implementar incentivos "mais eficazes" para os professores, recompensando-os e reconhecendo o seu trabalho. É-lhes ainda recomendado que se debrucem menos sobre o controlo dos recursos e conteúdos educativos e mais sobre os resultados da aprendizagem. Em comunicado, o Ministério da Educação congratulou-se com a avaliação do desempenho dos professores e a gestão escolar e considerou que as recomendações da OCDE confirmam "a centralidade e a premência das reformas introduzidas".

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