segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Lúcida rotina

Olhos de preguiça misturam-se ao cambaleio dos pés apressados. E ao som do estridente sinal de entrada, os alunos, como ovelhas ordenhadas, desaparecem dos corredores. Horas depois voltam, roucos e surdos, sufocados de rotina.

Rotineira escola, em que a angústia e a insegurança insistem em persequir os imaturos pensamentos jovens. Adultos sarcásticos em volta, com seu prazer em pressionar friamente: são professores! Secos de simpatia, fortes e inteligentes.

Nada mais daquela pequena escola de que me recordo: onde aprendi a juntar as sílabas formando palavras, contar, dividir, multiplicar, onde brincava de roda e, ao final das aulas, corria com os colegas para a pitangueira, e comia os fresquinhos e maduros frutos. Sentia o roçar do vento em meus cabelos e tinha a sensação da liberdade.

Hoje, sinto apenas o gosto do concreto individualismo de uma geração egoísta e imatura que me rodeia, as ilusões e responsabilidades que me enchem de expectativas: acordei! E com uma rotineira lucidez me deparo todos os dias com essa minha realidade, e percebo que sou mais uma entre mil, responsável pela construção da história desta escola.

Carolina Garcia Fasolo

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